terça-feira, 17 de abril de 2012

Espumas ao Vento

Em Lisbela e o Prisioneiro, filme de Guel Arraes, lançado em 2003 é comum associarmos o romantismo à doce e meiga figura de Lisbela... mocinha casta e inocente que se vê apaixonada pelo malandro Leléu, forasteiro cheio de Macunaíma mas que, na primeira troca de olhares com Lisbela, sente que o amor finalmente bateu à sua humilde porta e se lança de cabeça em ser feliz para sempre ao lado da donzela.

Ao som de Caetano Veloso... a trilha sonora nos diz.. "e agora? o que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer! Você só me ensinou a te querer... E te querendo vou tentando te encontrar..."

Mas será esse realmente o maior dos romantismos presentes no filme? Sugerimos uma reflexão... a respeito de Inaura, mulher atrevida e sedutora... que arrisca sua vida em nome da paixão avassaladora por Leléu, mesmo tendo como marido a figura sinistra de Frederico Evandro, interpretado de forma brilhante por ninguém menos que Marco Nanini. 


Numa das cenas mais marcantes do filme, Inaura implora o amor de Leléu e recebe as mais duras palavras que alguém pode ter do ser amado... "Não posso não... pois mesmo que pudesse.. ia terminar com raiva de mim."

E então surge a voz rouca e intensa de Elza Soares... dizendo que um grande amor não se acaba assim... feito espumas ao vento...
Inaura se produz, mistura lágrimas, lápis e batom e segue decidida ao seu destino... a morte pelas mãos do marido traído... remédio que irá lhe tirar de uma vez por todas a dor insuportável do amor não correspondido.

E para piorar sua dor... Frederico Evandro a condena à vida... a viver o resto dos seus dias com a ausência de seu grande amor que estará nos braços e nos lábios de outra pessoa.

Românticos nem sempre são certinhos, meigos e ouvem Roberto Carlos... há românticos que expressam suas emoções mais tenras ao som de Black Sabbath recitando Marquês de Sade.




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